Sunday, January 10, 2010

O Plutocrata


Um óptimo livro, do qual cito algumas passagens.

"Ernesto Palma tem todas as razões para entender que as sociedades estão em constante alteração, isto é, que continuamente se vão alterando as hierarquias, mudando as posições nas hierarquias e substituindo as pessoas nessas posições. Ora quando se pôs a observar a sociedade portuguesa verificou que ela se mantém incólume há quase dois séculos, desde quando as "guerras liberais" a ergueram sobre os escombros da sociedade anterior.
O fenómeno torna-se enigmático quando se observa que, na ultima metade destes longos dois séculos, se deram três revoluções: a de 1910, a de 1926 e a de 1974, todas três feitas para, como é próprio da revolução, revolver a sociedade como o arado revolve a terra pondo em baixo o que está por cima, pondo em cima o que está em baixo. Ora aquelas três revoluções substituíram de certo o regime político: a monarquia pela república, a república pela ditadura, a ditadura pela democracia."

"Para eliminar o pensamento artístico, a planificação encerra a arte na estética, isto é na receptividade que a estesia, ou sensibilidade do espectador, do leitor, do ouvinte oferece às obras artísticas cujo valor e sentido assim retira do génio singular do artista que as produziu e transfere para a estesia que as recebe. Avalia, depois, tal receptividade pela medida, a do gosto, que é comum ao maior número de pessoas, que é portanto a mais baixa possível. Deste modo, entende satisfazer as exigências da democracia ao mesmo tempo que estabelece padrões estéticos, os mais vulgares, que dá como padrões universais por serem os de toda a gente. A esses padrões terão de se sujeitar os artistas que queiram obter do Estado os meios imprescindíveis à manifestação do seu talento e à produção das respectivas obras. Deverão eles reproduzir, repetir, imitar como modelos, as obras que provaram corresponder aos padrões de gosto das massas."

PALMA, Ernesto. O Plutocrata. Ed.Serra d'Ossa, 2009. pags. 19-20 e pag.40. ISBN: 978-989-95762-4-7

Aviso ao estado de um criador artístico:

Il faut décourager les arts...
Degas, pintor

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